quinta-feira, 29 de julho de 2010

Pedaços de quê?

Ontem, no final da tarde, fiquei em pedaços.
Depois de uma longa e franca conversa, carinhosa, delicada e cheia de detalhes, me parti.
Em pedaços bem miúdos e cheios de pontas, daqueles que cortam só de chegarmos perto.
E entrei em um estado praticamente catatônico no qual permaneci até a hora de dormir.
Dei início a um processo de desidratação na hora de sempre, a hora em que sei que não resseco porque a água cai de cima. Saí do banho parecendo estar em tratamento antialérgico, vermelha, inchada, mal vendo os dois pontos negros que tenho no lugar dos olhos.
Respirei fundo, fiz umas coisas que precisava fazer, me vesti e parti, em direção do que seria a continuação da conversa do final da tarde.
O encontro foi um misto de sensações. O alívio por ver, o conforto do abraço, a alegria do sorriso, a angústia pelo resto. A dor que gritava dentro de mim, e uma dorzinha abafada, que eu pude enxergar no outro olhar.
A verdade e a delicadeza foram detalhes importantes demais. Detalhes jamais esquecidos.
Nunca tive meia hora como aquela de ontem. Meia hora de carinho escancarado, sinceridades mútuas, costurados por uma dor profunda.
De repente nada mais saía. Um abraço forte, longo, confortante e atormentador foi a pausa necessária.
E por não conseguir sair mais nada, chegou a hora de ir embora.
Pensei em mil teorias mas só me vem uma à cabeça. A teoria do tempo. Sei que é ele quem vai colocar tudo no seu devido lugar. Mesmo que esse lugar seja o inesperado e o improvável.

Um comentário:

  1. Você é forte. E a teoria do tempo não falha...a dor vai durar o tempo necessário para que você fique bem novamente. Seja lá o que for...tudo vai passar. Beijos flor!

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